Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
(Vogue, Outubro, 2012 – fotografia de Craig McDean)
Diz-me um amigo que a arquitectura é também, e sobretudo, uma forma de interagir com o ambiente, sem o ferir ou conspurcar.
Acredito, até porque o rapaz é genial em todas as interacções que se lhe deparam.
Cingindo-me a este conceito, encontro a surpresa de perceber que, por vezes, existe uma subtil relação entre o vestuário e o envolvente e que vestir pode consubstanciar um acto quase arquitectónico.
Daí se arriscar concluir que as formas que a Vogue publicitou, já em 2012, sugerem quase de imediato a obra circular, arredondada ou esférica, bojuda e inspiradamente feminina de Oscar Niemeyer, obedecendo desta forma aos conceitos que orientaram, neste caso específico, o talento do genial construtor de cidades.
A geometria das peças, já patente na colecção Hermès 2013, passa pela escolha criteriosa dos estampados minimais, puros, recorrendo a cores planas delimitadas por fronteiras rígidas, rigorosos nas linhas que os limitam, quase matemáticos, passando pela imagem límpida, nítida e polida, quase traçada a esquadro, régua e compasso de cada modelo que desfila, até aos cortes quase cirúrgicos das peças que se expõem.
A visão oriunda do conceito de arquitectura como interacção com o envolvente, torna-se patente nestes projectos de moda, incluindo cada peça numa determinada rede, sobretudo urbana, pensada e estruturada para complementar os seus usurários, inserindo-os no diálogo constante, imediato e harmonioso, com o circundante.
Existe uma clara tendência para aproximar o que se veste das formas que se habitam.
Vestir é habitar, é dar forma e corpo a determinado objecto, permitindo que esse mesmo objecto esteja em sintonia com o que o envolve e que, em simultâneo, forneça ao inquilino o conforto de uma arquitectura e de um design de excelência.