Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A Gaffe prevê um breve contratempo.
Vai ao fim do dia para o Douro.
Vai andar perdida no meio de erva, de montes em escada que custam imenso subir (mesmo sem tacões), de animais que se esbardalham bem à sua frente sem respeitar a privacidade da que iludida pensa que ficar sentada no jardim, com uma revista parva a esbracejar, é motivo suficiente para os repelir.
Vai ficar cercada por uma imensidão de árvores gigantescas e de muros fundos, de ferros forjados, de labirínticos caminhos que levam a recantos sinistros e frios e no degredo absoluto.
Não é que não se deslumbre com os seus amigos.
Não é que, alarve, não se delicie com os pratos portugueses que de tão tradicionais parecem ser servidos com os ranchos folclóricos lá dentro e bombos a soar como Zés Pereiras.
Não é que não se comova com as mais recentes artroses da cabra ou com as maleitas da crina do cavalo.
... Não é que odeie as vacas...
(A Gaffe pensa que hoje não convém dizer coisas feias sobre os animais)
Mas acontece que ali, naquele brutamontes de pedra e frio e de portas fechadas, o sinal que lhe permite aceder ao espaço cibernético é fraquito e tosse, tuberculoso e sincopado, tombando desmaiado a todo o instante, fazendo desistir a que, persistente, liga e desliga compulsivamente o pulmão mecânico.
Está uma ruiva esperta e cosmopolita a pensar-se debruçada sobre este mundo no formato do último berreiro tecnológico e acaba por descobrir que o globo por onde fez surfar o seu olhar viciado em ondas e vagas sinuosas é unicamente a cebola enorme e sedosa, caseira e parola, com que alguém prepara os refogados.
Uma maçada!
Desconfia sempre de um orador que traz a fúria escrita num papel.