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Há um banco de madeira pintado de vermelho na Praça no centro da Avenida e um homem desprovido de ruas sentado a ver o mar. As gotas de ausência nos rebuços do casaco e um alfinete redondo de madrepérola preso na lapela.
O homem tem barba grisalha e nos olhos a lonjura que vem de vela panda encher de névoa a Praça nua.
Vou de encontro ao homem que se levanta e, já de pé, ocupa o espaço inteiro.
Nada é mais do que um homem numa Praça, erguido a prumo, com névoa no olhar.
Abraça-me e no abraço as ruas apagam-se.
Deslumbrante é a capacidade que a alma tem de escapar pelos olhos e abruptamente ocupar uma Avenida que de súbito se transforma num monograma de um alfinete minúsculo na lapela.
Foto - René Maltête