Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Se a Gaffe procura uma forma de provar que os homens são muitíssimo mais limitados nas tarefas que surgem para executar em simultâneo, encontra-a nas diferenças no modo como os rapazes e as raparigas atendem o telefone.
O fixo que os outros nunca estão no mesmo sítio e a Gaffe fica um bocadinho tonta de tanto circular.
Se esta rapariga observar com alguma atenção um cavalheiro encafuado no aparelho referido, verifica que não há muito para analisar. O homem vai soando intermitente:
- Hum, hum…, sim…, mas…, ok…
Cortando palavras como se de súbito lhe desligassem o som:
- Est..., poi…, cert…, merd…
Fica exclusivamente focado na conversa, enquanto vai desenhando quadrinhos e rodinhas no bloco de apontamentos, preenchendo depois os espacinhos onde se interceptam ou batendo com a esferográfica no tampo da mesa, arrumando uns papelitos desordenados tendo o cuidado de não os ler ou ainda mirando o rabiosque da secretária que entretanto passa bem calçada, formosa e razoavelmente segura.
É evidente que se nos pergunta com a voz de Darth Vader de que cor é a nossa lingerie está ocupado com outra coisa, mas mesmo essa está muito circunscrita.
O que faz para além de tentar manter ou despachar o interlocutor tem de ser muito básico, primário e possível de mecanizar a curto prazo.
Os homens não conseguem executar em simultâneo múltiplas tarefas.
Uma rapariga esperta, nas mesmas circunstâncias, consegue dar banho ao cão, ler Guerra e Paz - dá tempo quando do outro lado da linha está uma amiga -, fazer alongamentos, testar a apresentação do seu doutoramento, redecorar a casa - sem a ajuda dos queridos, porque não é pobre -, ter um cachopo agarrado às maminhas - a Gaffe recomenda vivamente, sobretudo quando o cachopo tem mais de dezoito anos e é lindo de morrer -, encomendar o jantar depois de seleccionar o serviço que o serve, retocar a maquilhagem Shiseido sem esbardalhar o eyeliner e negar um pedido de casamento do homem que só terá consciência de ter sido recusado depois de terminar a sua chamadinha.
A Gaffe acredita que é esta a razão do bloquinho de apontamento que o seu rapagão leva para a cama.