Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ryan Heavyside, assim se chama o fabuloso prodígio aqui fotografado.
Deixa de interessar quem o vestiu e fotografou, quando nos aparece tão bem enquadrado, de calças de alinhado branco e de casaco marinheiro com mistura de linho e seda, solto, largo, e amplo, de rebuços grandes onde podemos pousar as lágrimas de todas as nossas tristezas fingidas e oportunistas.
A nudez, ou a desejada, que se adivinha por baixo de todo este azul marítimo pode ser substituída por uma singlet básica.
Creio que o homem português não ousa sequer sonhar com a hipótese de navegar por estas águas límpidas.
É lamentável, parolo, provinciano, patego e mínimo, o modo como se observa de soslaio, com suspeito preconceito, nas ruas de qualquer cidade portuguesa, o homem que tenta ousar, mesmo de uma forma minimal, sentir a vida e o tempo que passa com a elegância que pode ser seu apanágio.
Ryan Heavyside poderia passar incólume nas ruas portuguesas, porque traz apenso o allure do forasteiro ou o do flaneur que sobrevoa as multidões pasmadas, mas seria imperdoável e estigmatizante para o nacional cinza corrector, outrora navegante, sentir o vento liberto das abas deste casaco marinheiro, no corpo liberto de um conterrâneo seu.