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(Luciano Barbera)
Perdeu-se há muito a delicadeza suave de uma flor numa lapela masculina.
A linguagem subliminar inscrita neste pormenor foi-se esbatendo e secando. Os homens decidiram tornar um detalhe de uma delicadeza significativa numa demonstração de desprotegida e inocente fragilidade, permitida apenas em casamento e baptizados.
A possibilidade de adornar as lapelas masculinas ficou restrita a pins minúsculos e banais onde se faz alarde do orgulho desportista ou do brio populista, mas governamental.
É lamentável o abandono votado aos discretos alfinetes com que os avós faziam brilhar lapelas rigorosamente entreteladas ou com que prendiam as sedosas gravatas com riscas regimentais.
O empobrecimento da panóplia de adereços masculinos não se reflectiu no aparentemente almejado evoluir de uma imagem de masculinidade a toda a prova, nem a tornou mais límpida, capaz de referenciar um despojamento másculo de quem se quer dinâmico e eficaz, com a sobriedade apensa à ilusão de não se perder tempo.
No entanto, o adornar florido da lapela masculina, inversamente ao tido como certo, é um dos mais encantadores detalhes a fazer prova da mais segura masculinidade e da mais assumida presença da sedução inteligente.