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A notícia, se verdadeira, deixa-nos, a nós raparigas espertas, prostradas, doridas, frustradas e empapadas em desilusão.
Lashana Lynch será 007
Uma das maiores tolices da história do cinema que já conta com 20 anos de masculino espião.
Uma mulher jamais poderá encarnar 007!
A classe e o charme desta espionagem ao serviço de Sua Majestade serão sempre masculinos.
007 foi criado para ser um homem, apenas um homem, só um homem e nada mais do que um homem. Ian Fleming foi peremptório e Daniel Craig cumpriu de forma extraordinária esse destino, recriando um fleumático, musculado, sofredor, carnal, brutamontes e sovado James Bond. O melhor de sempre, o mais atraente, o mais másculo, o mais ensanguentado, o mais sujo, o mais suado, o mais chorão, o mais sensual, o mais bonito, o mais esmurrado, o mais animal e, sem sombra de dúvida, o que faz com que nos faleça o tino mal o avistamos de tronco nu, ou de speedo a surgir no oceano do nosso contentamento.
É preciso acompanhar os tempos – dizem alguns com olhos doces, estendendo-me os braços, e seguros de que seria bom que eu os ouvisse, enquanto se afirmam dispostos a calcorrear os mesmos trilhos do tempo que passa.
É evidente que as duas décadas de Bond não foram grandemente simpáticas com as mulheres, embora, diga-se em abono da verdade, nunca tenha ficado claro se era o espião que as usava e descartava, ou se era o contrário que se verificava. Não há registo de nenhuma rapariga tombada deprimida depois do alegado abandono do rapagão maroto e não está determinado com exactidão se é 007 a levar as girls para a cama – ou para qualquer outro sítio, que o rapaz sempre foi muito despachado e inventivo -, ou se são elas que aproveitavam a onda dos lençóis para matar o tempo disponível entre o tiroteio.
Certo que, sendo 007 uma mulher, a tortura a que a espionagem fica sujeita se torna mais limitada, o que não deixa de ser confortável. Ninguém dá pancadaria nos testículos de Lashana Lynch, à semelhança do acontecido aos de Daniel Craig – um despedaçar dos nossos corações, sobressaltados com tal cena e desfeitos em cada paulada -, mas acreditar que transformar uma mulher em 007 equivale a terraplanar as eventuais ofensas ao feminino, ou a vingar décadas de alegados machismos patentes na saga, tornará homogéneo, justo e muito #metoo, o tratamento dado aos dois sexos nas fitas do espião, é uma tolice desmesurada digna de ser sujeita a ordem para matar.
São as mulheres que devem ensinar, educar, James Bond, sem que nessa árdua tarefa careçam de assumir o papel de protagonistas. São divinais, sedutoras, inteligentes, poderosas, belíssimas, potentes e mais que não se diz por ser verdade e cansativo repeti-la.
Bond deve ser confrontado por mulheres da sua craveira, tratado, manipulado, ofuscado, usado, esfolado, despido, suado, largado, protegido e todo o resto que habitualmente é da responsabilidade do espião e de seu uso frequente quando se depara com um maravilhoso par de mamocas. As mulheres sabem que Craig tem um par de outras coisas, que podem inclusivamente ser sovadas, igualmente atraentes.
É uma tolice.
Não é de todo necessário entrar em cena Lashana Lynch. Só entope as nossas maravilhosas noites de icónicos machos espiões que tantos arrepios nos causam quando emergem do oceano molhados e feridos, mas prontos a atirar uma rapariga para a areia e a provar insistentemente que os têm de aço. Os braços.
Vá, não sejam ingenuamente condescendentes e paternais. Evitem ser possidónios e sobretudo tentem escapar à pinderiquice feminista.
As mulheres, acreditem, sabem educar o James Bond.