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A partir do mar, subimos a rua do Padrão.
O meu rapagão cabisbaixo e amuado por não ter cedido ao seu desejo de jantar íntimo e eu pronto a flutar na música suave e na luminosiadade macia de um dos meus restaurantes favoritos.
Encosto o meu ombro ao dele e aperto-lhe a mão.
Ninguém na Praça de Liège. Ninguém nos caminhos do Passeio Alegre. Ninguém nos telhados do Hotel BoaVista. Ninguém nas ruas e nos becos.
Sobretudo ninguém na rua do Padrão.
Sopa de mexilhões com açafrão e “croutons” de alho.
Ovos com salmão fumado e caviar.
O rapagão tem os olhos pousados na toalha. Se os levantar, sei que milhares de pestanas negras farão sombra na ternura desse olhar. Está perdido, porque usa jeans demasiado gastos e puídos - e logo num dos meus restaurantes de eleição!
Tem uma boca carnuda, com lábios macios e quentes, ligeiramente salgados, e dentes perfeitos.
Pato fumado fumado com ovos de codorniz.
Caesar com salmão fumado.
O meu rapagão tem um imenso corpo moreno, quase chocolate brando, que gosto de fazer ondular. Tem peitorais longos, largos e fortes e que são de ferro se eu lhes tocar. Tem um traço de pêlo, uma estradinha, uma serpente, que nasce no umbigo e desce até me dizer onde começa o paraíso.
Robalo com algas e molho holandês.
“Magret” de pato salpicado com vinagrete morno de hortelã.
A minha perna toca na dele. Olha para mim e tenta afastar-se, embaraçado. Durante todo o jantar procurou manter-se discreto, despercebido. Empurro a minha perna de modo a que ela encaixe no meio das pernas dele. O meu rapagão aperta os joelhos, aprisionando-me. Sorri, malicioso.
“Tarte tatin” quente com natas batidas.
Bolo de chocolate amanteigado.
A minha mão desce. Debaixo da mesa, no abrigo branco da toalha, toco-lhe na coxa.
Pousado o guardanapo, o rapagão agarra-me nos dedos, domina-os e obriga-me a fechá-los ... em redor da conta.
Bebemos àgua.