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A criança tem olhos de psicopata, esgazeados e dementes, um dente a abanar constantemente assediado pelo dedo indicador e uma saia de tule enfunado.
O meu prosaico croissant é perturbado pelos guinchos e gritos estridentes da miúda.
A mãe, esgrouviada, procura controlar a esfregona minúscula que se espolia no chão, agarrada ao pão com manteiga.
As senhoras de café com leite fazem descair os cantos dos lábios enquanto o cabelo se ergue arrepiado e o empregado, um bom rapaz, afável e paciente, faz ranger os dentes.
A menina gane, uiva e muge as velas pandas!
Levanto-me de croissant irritado e chá enfurecido.
Levanta-se o pai esganiçado:
-Bês?! Se te purtáres benhe ficaz assinhe bunita cumuestae sinhora! Olha bê, que sinhôra legante! Se cuntinuas cuesta merda ficaz cumá tua mánhe que num bale um chabelho.
A manhã começa rigorosa e objectiva.
Na foto - Lillian Bassman, Paris -1949