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- Mas não seria mais eficaz processar a Câmara?!
A minha irmã irrita-se rompendo pelo corredor esquecendo por completo a inscrição milenar sobre o trono azteca:
O que não ouvir o coração do povo, terá a cabeça mirrada e a coroa vendar-lhe-á os olhos*
O projecto reprovado inclui uma garagem subterrânea cujo acesso terá de ser feito por túnel milimetricamente estudado e já visível na aplicação informática do jovem que se supõe encaixado nas garras proletárias do trânsito a ensaiar a debandada de fim-de-semana.
Liga-se o MAC. Piscam os botões reanimados, toca-se no ficheiro errado e no monitor surge a LUZ.
A Luz é uma menina cuja indumentária se resume a uma peruca platinada oitocentista encimada por um chapéu de cowboy e a uns vertiginosos sapatos pretos de verniz. Está pousada no asfalto com uma belíssima paisagem urbana como pano de fundo. Suspeito que a posição da miúda não é a mais confortável. Apesar de sentada, o equilíbrio afigura-se precário tendo em conta o sorriso alarve, o peso das descomunais mamocas e o ângulo de abertura das pernas que parece roçar os 180º.
A minha irmã, absolutamente imóvel, de olhos cravados na surpreendente figura, espera calada que desapareça a colorida senhora. A rapariga continua sentada, esbardajada, escancarada, esbardalhada, a sorrir no monitor idiota e absolutamente irresponsável.
Creio que o único túnel que vamos ver hoje é o desta Marquesa - tento arejar o ambiente.
Levanta-se a minha irmã. Sorri, oferece um chá de camomila ao pasmado e embaraçado cavalheiro e num esvoaçante golpe de asa murmura-me ao ouvido:
- Quero morto o responsável por esta humilhação. Se possível asfixiado nas mamas da senhora. Não admito faltas de gosto ...
... Achas que os sapatos fazem pendant com a peruca?
É tão raro ver a minha irmã a rir!
*Mentira! Inventei agora.