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Uma rapariga não precisa, todas as manhãs, de perceber que a vossa vida, rapazes, saiu directa das páginas do KamaSutra ou é apenas um folheto de Carnaval ou um pindérico romance de cordel.
As vossas olheiras, os vossos papos, as vossas manchas e maleitas faciais, as vossas borbulhas, os vossos lanhos labiais e outras pequenas mazelas, não nos deixam entusiasmadas. Mesmo aquele aspecto desregrado, normalmente acompanhado de um sorriso patético, de quem não dormiu por ter estado ocupado em manter acordada a companhia, não é, de todo, atraente para uma rapariga que começa a debicar o seu croissant.
Os portugueses são demasiado tímidos e inibidos - a Gaffe hoje está tão benévola! - e ainda consideram embaraçoso perguntar à menina do Shopping pela secção onde se podem encontrar com o creme hidratante ou com o pincel que lhe atenuará os pântanos negros que trazem debaixo dos olhos.
Meus caros, existe no mercado uma quantidade inimaginável de produtos dispostos a tentar transformar-vos em quotidianos, diários, modelos da Vogue, em todo o esplendor de uma página central.
Se fosse patrocinada, a Gaffe aconselharia, como seria evidente, Dior ou, mais económica, toda a gama Jean Paul Gaultier - Gaultier também sabe ser eficaz com discrição, reserva e tino, mas esqueçam-lhe os perfumes, sim? -, que abrange, atenua e remedeia, com uma eficácia transbordante, toda a parafernália de maleitas que nos maça e arrepia - as borbulhas lunares são horripilantes e espremem todas as vossas hipóteses de dormir acompanhados.
Sejam corajosos e arrisquem!
Perguntam os curiosos porque decidiu a Gaffe ilustrar o que diz com um rapazola pestanudo.
Há duas razões:
1 – Como não parece provável que o que quer que seja vos transforme neste petiz deslumbrante que sugere ter saído de um filme erótico - e a Gaffe só vê as promoções -, não parece fácil encontrá-lo numa das esquinas das nossas vidas.
2 – Descansamos finalmente os olhos e preparamo-nos corajosamente para vos entregar o lenço de papel perfumado com que deveis espremer a espinha purulenta que vos cresceu na asa do nariz.
A Gaffe não simpatiza com aquilo a que chamaram metrossexuais e não a fascinam os posteriores ubersexuais. É-lhe desagradável beijar um homem que traz na boca o sabor do seu bâton e que usa e abusa do seu nécessaire, mas o esforço que leva um rapaz a levantar-se uma hora antes do acordar da princesa, para a extasiar com um belíssimo aroma a sabonete e um hálito de prados paradisíacos, tem por certa a recompensa.
Não acordem como são. Acordem-nos sempre melhor.