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É corrente referir que um homem se distingue pelos sapatos que usa. A verdade não está longe da máxima. Não vos adianta, rapazes, como o recolhido Bento XVI, usar Armani, cortado para vós, em exclusivo, se nos vossos pés não cintila Prada - já que estamos no Vaticano.
Creio que o mesmo se aplica a nós, raparigas. Não há forma de vestir um sumptuoso Valentino calçada com umas miseráveis sabrinas compradas nos saldos da Zara.
Não adianta, minhas queridas, quando queremos transformar o cérebro em papa cor-de-rosa, lermos as revistas onde uma celebridade qualquer, fotografada de pernas tortas e sorriso colado com saliva - sorriso-selo, em consequência -, nos afirma que se o vestido é Dior, os pumps são de um hipermercado chinês e que as coisas combinam.
Não são compatíveis. Por muito desesperado esforço que façamos, não há harmonia possível. Não se caçam tigres com espátulas, nem moscas com qualquer coisa gigantesca e que dispare.
Os sapatos são a obsessão feminina mais comum, mais divulgada e tão imerecidamente criticada e, no entanto, há uma certa lógica neste fútil drama intimista. Podemos estar a usar um trapo qualquer, ou até mesmo uma peça do guarda-roupa da Dulce Pontes, mas se nos pés deslumbrarem os sapatos da figura, qualquer candeeiro, por muito rebuscado e sofisticado que seja, nos servirá de apoio.