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No meio de algazarra muito pouco BCBG, a Gaffe é colhida pela mais recente coqueluche: a face app.
Ao som de gritinhos, gargalhadinhas, saltinhos e pequenas exclamações de divertida surpresa, as meninas vão apanhando o futuro dos seus rostos fresquinhos.
A Gaffe não compreende tamanho alarido saltador. Sempre imaginou o grupo tresloucado bem pior do que o previsto, passado o tempo que se indica.
Recusa, portanto, ser vítima de benevolências informáticas.
Insistem, sugerindo a submissão de um rosto alheio ao seu. A Gaffe aquiesce, num revirar de olhos.
Não funciona!
A aplicação não funciona!
Espreitam espantadas e um bocadinho irritadas descobrem que a Gaffe tinha escolhido a Cher.
Não querem brincar mais.
A Gaffe acaba, depois de muito matutar - coisa que faz rugas - por concluir que a face app é útil apenas como forma de tornar mais próxima a relação do povo com os seus eleitos.
A Gaffe pode, deleitada, engraçada e bem-disposta, escolher, por exemplo, o penteado dos políticos. Dar palpites, sugestões, votar nas madeixas que melhor assentam nos sentados seus representantes que mimosos submetem as suas poses marotas ao escrutínio do povo.
Aproxima-nos! Adquirimos uma cumplicidade fofa que nos dá a hipótese de escolher o cor-de-rosa mavioso do tailleur da política, ou o tom exacto da grisalha melena ao vento trauliteiro do deputado europeu.
A face app pode ser inquestionavelmente o método mais sólido de aproximação dos eleitores dos seus representantes. A Gaffe supõe mesmo que não existe outro qualquer, pois que a aplicação não permite, caso existissem, a submissão de ideias e ideias.
Imagem - Joseph Wright of Derby - auto-retrato (detalhe)