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Há dias que nascem para nos surpreender de forma avassaladora.
Gosto de me encostar pela noite fora ao tronco nu do Jeremy e com ele abraçado a mim, a beijar-me a nuca e a mordiscar-me o pescoço, falar das mais absurdas tolices. Apagamos todas as luzes do interior e somos iluminados pelas da Avenida. Os dois, a trincar bolachas, vemos o mar e somos banais e idiotas.
Ontem, e porque mo recordaram, referi casualmente, entre uma dentada e um beijo pequenino, que nos conhecemos há exactamente seis meses. Ele sabia (claro!) e aproveitou para lançar a mais doce, mansa, terna, tímida e cuidadosa proposta de... noivado.
Apesar de acompanhada de um solavanco chegado do interior da alma, a minha resposta gaguejou.
Não seria justo! Alteraria princípios que respeito. Normas que estabeleci. Regras de vida. Modificaria comportamentos que me agradam. Provocaria quebras naquilo em que acredito.
- Não devemos contrariar, nem por amor, o que consideramos recto ou abdicar daquilo que estabelecemos como nossas prioridades. Seria como pedir que cortasses o cabelo! Não faz sentido! Não gosto de o ver tão comprido, mas não peço.
A comparação não foi, como é evidente, das melhores, mas não se pode pedir demasiado a uma criatura, atrapalhada e encostada a um peito em ebulição, que vai recusar um pedido de noivado.
O Jeremy sorriu. Abraçou-me e ficamos quietos a morder bolachas.
Hoje, há cerca de vinte minutos atrás, a minha irmã chegou em labaredas.
- Trago comigo um rapaz que quero que conheças.
Arrebitei as orelhas.
Repleta de glamour, a minha irmã faz surgir então o Jeremy belíssimo, moreno, luminoso, de sorriso aberto, de olhos tímidos e ... de cabelo rapado!
Rente, com o brilho da estrela da manhã.
O meu rapaz é assim!