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Sabemos que nunca devemos confiar num homem que nos desaperta o soutien logo à primeira tentativa.
A primeira vez, de tudo, é sempre um risco e nem sempre é de boa qualidade o que nos fica na memória.
Tenho uma amiga - tomemo-la como exemplo - cuja primeira vez foi tão traumática que decidiu nunca mais perder a virgindade. O assunto foi arrumado na prateleira e vive feliz desde então, embora as relações que enceta sejam de curta duração, porque quando ela faz amor, o namorado exige estar presente. É curioso constatar que esta rapariga, que se afasta consideravelmente do viver rotineiro das multidões, confessa que sente sempre algum pudor em assumir posições ousadas - estou a folhear o Kama-Sutra - com o homem que partilha na altura a sua vida e a sua cama. Segundo o que confessa, é por essa razão que o deixa sair para o trabalho e chama pelo vizinho. O pecado mora sempre ao lado.
É esta minha amiga que me previne: Não se pode confiar num homem que nos desaperta o soutien logo na primeira tentativa.
A verdade é uma e ela tem razão. Um soutien que se preze tem de ter uma fechadura à prova de dedos alheios. Tem de ser um enigma, um desafio e tem de provar que o rapazola que nos chega às costas, aos colchetes e às molas é de uma pureza virginal digna de nos ver as mamocas. Quando um homem nos cumprimenta estendendo a mão ou cavalheirescamente nos vem beijar os dedos e nós percebemos que subitamente nos saltou do peito, não o coração, mas o soutien, não merece crédito, embora mereça que nos salte o resto.
Temos que escolher. Não é propriamente uma escolha de Sofia, mas é sempre um dilema que nos constrange um pouco. Ficamos com um bronco inocente que nos trilha as costas ou com um manhoso experiente que nos trilha a vida.
Podemos, é claro, optar pela terceira via, a mais atractiva: ficarmos com os dois e deixar que processo de ensino/aprendizagem se faça sob a nossa auditoria.
Foto - Marcus Mueller