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É pecaminoso deixar passar em branco a obra de Afonso Cruz e quase criminoso ignorar Para Onde Vão os Guarda-Chuvas.
O romance está pleno de intertextualidades. Tocando a literatura infantil, a fotografia e a ilustração, implica de modo subtil o toque no objecto físico e torna mais difícil uma abordagem digital. É uma obra também paraliterária, no sentido que constitui o para-além-da-literatura e não o que a Teoria Literária qualifica e que agora se adapta por fazer sentido.
Conta a história de um homem que ambiciona ser invisível, de uma criança que gostaria de voar como um avião, de uma mulher que quer casar com um homem de olhos azuis, de um poeta profundamente mudo, de um general russo que é uma espécie de galo de luta, de uma mulher cujos cabelos fogem de uma gaiola, de um indiano apaixonado e de um rapaz que tem o universo inteiro dentro da boca.
Mas não narra apenas estes deslumbres.
No Apêndice – fragmentos persas – ouve-se dizer:
Um dia, Deus debruçou-se demasiado sobre um bocado de barro e caiu para dentro do Homem.
Basta abrir este romance para que ele tombe dentro de nós.