Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
A Gaffe compreende que tenha havido uma maior actividade sísmica nas redes sociais com epicentros em Jessica Athayde e em Renée Zellweger.
Esta rapariga esperta tem de confessar que sentiu alguma dificuldade em reconhecer a segunda e muito gosto em rever a primeira que teve oportunidade de vislumbrar esbardalhada numa capa de revista masculina a tentar encarnar com muita, muita, muita força a mulher irreal que acabou por condenar com afinco num dos seus comunicados todos indignados.
É evidente que a Gaffe entende estas marotas contradições. As suas Avenidas estão pejadas delas e atingem mesmo áreas que não estão ligadas à beleza. A entrega do doutoramento Honoris Causa pela UBI a Zeinal Bava é o Photoshop a quebrar o limite dos retoques nas bochechas das meninas, embora igualmente idiota.
A vida real usa imenso o Photoshop.
Casos como os de Athayde e de Zellweger começam a causar um tédio que faz com que a cinematografia de Oliveira nos pareça um bólide de fórmula I conduzido por Schumacher antes de nevar. Estamos gordas de saber que, embora a Duquesa de Alba seja apenas um percalço da nobre arte de embalsamar, a procura incessante e tresloucada do elixir da juventude é recorrente e tem envelhecido imensa gente.
A culpa, diz a Gaffe espalhando o La Crème da Shiseido por tudo quanto é canto e esquina e parafraseando o ilustre inglês, não está nas estrelas, mas em nós. No sossego e aconchego dos nossos sofás, para além das bolachinhas, mordemos o isco que bamboleia imagens cintilantes injectadas com a toxina da ilusão da eterna juventude, repletas de pinceladas correctoras que não apetece muito descobrir e que nos deixam anestesiadas pelo calado desejo de as imitarmos ou encarceradas na consciência de que jamais seremos o isco que ali dança.
Amarfanhamo-nos e depois abrimos a revolta e a indignação, invadimos espaços e gritamos desalmadas contra a escandalosa manipulação do corpo feminino, contra o uso e abuso de imagens que clamamos ser alienígenas e insurgimo-nos perante os distúrbios de personalidade que provocam.
Desfraldamos e defendemos a bandeira do real, mas esfacelamos logo a seguir as que parecem concordar connosco e nos mostram orgulhosas as rotundas inevitáveis dos seus corpos.
A Gaffe pensa que é uma descortesia cravar a estaca no coração do vampiro ao mesmo tempo que lhe sugamos o pescoço.
Esta rapariga esperta sabe que ouvirá sempre o som dos alfinetes histéricos que se espetam nos rostos das Zellweger e, pelas razões opostas, nas coxas das Athayde.
Uma maçada.