Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Reconheço que me afecta a prevista alteração do meu viver. O meu regresso a Paris - por birra ou mimo -, invocando o desconforto das obras por concluir, desgasta-me a solar luminosidade dos acordes dos meus dias e começa a provocar em mim a sensação de mergulho nas mais internas catacumbas da alma. Sinto-me a escorregar para dentro, como se o chão do meu sentir fosse de vidro ou gelo e o mover da minha vida um trôpego e incipiente patinador sem o deslumbre das melodias que o rodopiam.
Desço amiúde as escadas do sentir-me e não encontro no último degrau ninguém, a não ser eu, espectral, à espera. Em mim, cá dentro, há uma partitura de ópera com fantasma e no barroco corredor que desce, uma mulher que não sabe o que é crescer, porque saber e querer não vivem juntos.
Desço e diminuo, como se a descida alargasse o muro, reconstruísse a pauta, fazendo do que tomba apenas um corpúsculo, minúscula colcheia que se perdeu no ritmo.