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No dia oito deste mês estas Avenidas fizeram dez anos.
É realmente demasiado tempo.
Já não me lembro da rapariga que escolheu a primeira palavra solta, num texto solto de um livro aberto, para encabeçar o blog. É evidente que não vou fazer retrospectivas ou balanços. Acho-os deprimentes.
Caíram países, morreram governos, tombaram ilusões, esqueceram-se tragédias, continuaram os assassínios, ergueram-se pontes para que as armas chegassem aos outros lados, morreram-nos, morrermo-nos. Também fomos felizes. Também esperamos Godot. Também cuidamos das roseiras.
Talvez por isso - e pelo que não se diz por ser moroso - acabe apenas espantada por ter conseguido manter milhares de palavras presas por fios que nunca tive a coragem de cortar e que me deixaram sossegada com alguma facilidade – e antes isso, que andar na droga.
Dizer que cresci durante este tempo aqui passado, é uma forma suave de disfarçar a palavra envelhecer. Crescer é sempre um distanciar, um apurar de limites e fronteiras, o desenhar de espaços íntegros e nossa pertença, um aprimorar dos sentidos e uma admissão do que valemos em consciência. Crescer, diz um Amigo, é educar a violência. Crescer é portanto envelhecer. Só envelhecendo nos tornamos pacíficos. A violência é sempre consequência de tenebrosa imaturidade.
Pasmo perante este processo de inversão Kafkiana que molda uma mulher a partir de uma barata.
Suponho que ainda não sei para onde vou. Aprendi há pouco tempo a caminhar.