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É um tipo pretensioso, um fanfarrão, intoxicado com a sua própria vaidade, pavoneando-se mesmo sentado, confiante, de má índole, descarado, ignorante, teimoso e intratável. Pousa como uma vareja no que quer que haja para jantar. Não o podemos dignificar chamando-lhe vigarista presunçoso, porque é apenas um buraco no ar. Acaba por ser apenas um parolo simples, falho de qualquer noção de honra. Um horrível grosseirãozinho. Vê-lo enredar-se na língua portuguesa é como ver um vaso de Sèvres nas mãos de um chimpanzé, mas se o mandássemos para a escola, provavelmente acabava a roubar os livros escolares. Não merece crédito.
Não merecia crédito.
No entanto, as mesmas velhas salsichas, crepitando e estalando nas próprias gorduras, decidiram entregar-lho e fazer da CGD, não um banco, mas um bordel, uma casa de passe e um casino de esquina clandestina.
Um negócio de mentes a retalho que se vendem por atacado.
Para que os medíocres possam navegar, é necessário inundar terrenos férteis. Basta depois fazer flutuar as âncoras de uma ou duas anedotas - que deixam de ser más por terem sido bem contadas.
Chocante não é ouvir a risota quase certa dos trafulhas. É mais do que esperada, embora inesperada neste caso seja a aparente e desamparada senilidade do que ri, apoiado por laterais hienas. O que deveria chocar é o avistar da vela panda e solta ao vento dos que viram e reviraram entre os dedos as conchinhas e os seixinhos coloridos que boiavam e que apanharam durante a maré alta dos seus cargos.
Chocante é o choque deles.
Ilustração - Dima Rebus