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Na minha Avenida a cigana desfralda panos negros e no mar, cigano ele também, o vento apura o som das ondas amarfanhando a minha voz que foge.
- Eu leio as tuas mãos.
Não quero.
A cigana esvoaça. Um corvo na Avenida e o mar a trucidar a minha fuga.
- Deixa-me ler as tuas mãos. Dá-me dinheiro.
À minha volta rodopia. Trava-me o caminho, como a sombra do mar a minha voz que nega. Rodopiam trapos pretos na Avenida. A cigana que não me tem nas mãos, deixa-me solta e, mal eu liberta tento abrir o peito e respirar, ouço o estalar da voz, o crocitar do corvo atrás de mim:
- Tu, cabelos de fogo, tu vais sofrer de amor.
As minhas mãos já lidas?