Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Pergunto-me se alguma vez aqui falei de underwear.
É um assunto melindroso, tendo em consideração a matéria de facto e sobretudo trabalhoso, dada a quantidade da oferta.
Podemos sempre iniciar a conversa pelas peças que, não sendo susceptíveis de classificação nesta categoria, foram adaptadas ou sugerem as que a ela pertencem.
Se deixarmos de babar, pasmadas, para o homem estatelado da fotografia e evitarmos pensar que há maçãs com imensa sorte e que nem todas foram condenadas, fazendo a perdição de Eva e da Branca de Neve, conseguimos perceber que a t-shirt cinza-tempestade - dizem os especialistas - é, apesar do seu decote, uma subtil adaptação das camisolas interiores do meu avô. Minimal e de malha de seda que tomba e se amarfanha nos músculos que devemos, mais uma vez, tentar ignorar.
O que também aqui se retém, é o cinto displicente, de couro genuíno, atado com o desleixo estudado de que tanto gostamos, e são as calças fantásticas de cor brevemente azeitona - e não azeiteira -, de corte limpo, quase tradicional, quase retro, possivelmente chinos, eventualmente antifit, com botões, adaptada a silhueta do consumidor, com cintura relativamente baixa, quadril desestruturado e corte recto nas pernas. Não tem o aprumo do perfeito, ficando nos quadris dos rapazes com - pequenas nunaces - algum tecido que parece sobrar e que insinua, que sussura, o sonho em que se podem tornar as calças do cavaleiro.
Sublinho, com veemência, a dobra - linda! - no fundo das pernas das calças e a cor contrastante ou complementar, ou mesmos padronizada, com que pode surgir.
Meus caros, se Deus está nos detalhes, já podemos olhar para este pecado com maçã.
Nota - não sendo uma maçã, será uma bola, mas nesse caso os trocadilhos tornavam-se perigosos.