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É patética a existência de uma espécie de indigentes cujo único objectivo na vida é alcançar um pedaço, mesmo irrisório, de atenção. Esmolam sem qualquer tipo de pudor e sem dignidade, desavergonhadamente, deploravelmente, arranjam formas ínvias de acreditar que são capazes de desviar um olhar alheio para os trapos encharcados que batem uns nos outros acossados pelo vento e que produzem o som das palavras que tentam juntar.
Insistem e são cansativos, aborrecidos, entediantes, previsíveis e de uma inutilidade confrangedora.
Dir-se-ia que possuem um dispositivo no cérebro que é accionado demasiadas vezes sugando toda e qualquer capacidade de raciocínio. Absorve a massa encefálica como se de um buraco negro se tratasse. Fica o vácuo, o inexistente, o espaço oco onde a miserável súplica, o deplorável rogo, a coitada crença na possibilidade de se tornarem visíveis, bate contra as paredes ósseas do lugar onde se escapou a vida, como uma bolita de um ping-pong jogado por ninguém.
Quando se acredita que o Além é logo ali ao lado, acaba-se por indução a evocar fantasmas.