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O meu irmão aninhou-se em mim. Pousou a cabeça no meu colo e, baixinho, desfiou a mais fantástica das teorias:
- Ela nasceu sem alma. Não é grave. Podia ser pior. Podia ter nascido com lábio leporino ou com problemas de visão. Pertence a uma “elite de monstros” que não se consegue projectar nos outros. Não reconhece a vítima e, em consequência, não assume nunca esse papel. Não se consegue rever na dor que provoca. Não sente nunca as vítimas que faz. É um papel que não decora. Esta incapacidade produz assassinos em série, violadores, carrascos, torturadores e, no melhor dos casos, mulheres como ela. Predadoras que esperam. É das que ficam sempre e inevitavelmente com o que os outros querem. Pertence à "elite" dos que nasceram sem alma e dentro dessa "elite" ela ronda e espera, mesmo sem o saber, o momento exacto em que a presa vem desprotegida. Tem o poder todo, porque simplesmente está mais perto dele. Só por isso.
As elites são sempre canalhas. - Termina e beija-me a boca, incestuosamente.
Nunca imaginei que alguém fosse capaz de descrever tão bem a minha irmã.