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É bom saber que já o Levítico (19:28) proibia a tatuagem e a perfuração dos corpos, mas é também curioso verificar, por exemplo, que em 2000 A.C. os sacerdotes núbios apareciam preenchidos por escarificações, ou que os acólitos do culto de Cibele, na Roma Antiga, se tatuavam lindamente e que mesmo hoje os Mokos, Maoris, não se esquecem de rasurar na perfeição e furar com eficácia as suas carrancas e afins, domínios ligeiramente assustadores.
O Levítico, como se constata, não foi levado muito a sério.
Alterar o corpo, perfurando-o ou tatuando-o, não é caso para fazer tombar as armas e os brasões que desta forma se assinalam.
Lembro-me que senti uma paixão arrasadora, nova e noviça numa Faculdade que pesava de tão conservadora, por um rapaz que me conquistou a vida e mais alguns trocados de somenos importância, porque o vi, como um deus a passear pela brisa da tarde, de argola gigantesca presa na orelha. Brilhava o aro de ouro e brilhavam os meus olhos de menina e moça, levada tão cedo de casa de meus pais.
O fascinante objecto deixou de exercer o seu poder de enfeitiçar, quando vi o portador aos lúbricos beijos com o meu primo - afastado, demos Graças, - que não usava brinco e era míope. Continuei a adorar o priminho, mas deixei pelo caminho a dor que mal se sente.
Portanto, meus queridos, saibam que não somos, de forma nenhuma, contra piercings e afins - os aros nas orelhas deste deslumbre devem ter nome específico, - mas neste preciso caso sugerimos moderação.
Uma rapariga, ao contrário do que parece ser dito corrente, não aprecia grandemente um homem demasiado tatuado. Perde-se sempre a decifrar o olho do dragão ou a analisar a cauda do tigre. Torna-se confuso, e até embaraçoso, vermo-nos abraçadas e beijadas por uma multidão de desenhos, muitos deles a olhar, ameaçadores e fixos, para nós. Depois, meus caros, já não vão para novos. É confrangedor ver uma sereia encarquilhada.
Aplica-se a mesma recomendação em relação aos piercings. Se não forem, ainda que vagamente parecidos - não peço milagres - com o rapazinho perfurado que vos mostro, evitem as argolinhas nos lábios que nos sugerem, maldosamente, que podemos ficar com o bâton preso - desagradável se o estivermos a usar, - ou que estamos na presença de um fã de uma série de vampiros de qualidade logicamente suspeita.
No meu caso, perdoo o uso das argolas. Fiquei sempre a pensar, depois da visão catastrófica do meu primeiro amor pendurado na boca do meu primo, se não seria má ideia prender-lhe, ao aro, as correntes de ferro de Alcatraz.
Só para o consolar.