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É usual ouvir amaldiçoar as Segundas-feiras. Há canções que dedicam acordes e palavras a castigar o primeiro dia da semana.
Confesso que nunca percebi a razão deste ódio ruidoso. Nunca senti a nostalgia a invadir-me no anoitecer de um Domingo, nunca me senti invadida pela depressão que por norma chega apensa a uma despedida dolorosa e nunca adormeci, na véspera de um início, revoltada com a quebra da tranquilidade e do laissez faire laissez passer dos dias de descanso.
Acordo sempre intragável, seja em que dia for.
Sou solidária com criaturas que cegam com a luz matinal. Apoio o não movimento. Dou a mão aos sonolentos caracóis que se arrastam até ao suicídio que é abrir as janelas e deixar o mundo entrar.
Sempre gostei e sempre acreditei nas pessoas que se parecem comigo.
Não é de todo necessário que sejam minhas sósias. Não é preciso que as situações caiam no exagero, pois é bizarro encontrar a Teresa Salgueiro na voz da Susana Travassos, mas é reconfortante perceber que não estamos sós neste planeta muito pouco azul por onde voam as cegonhas.
Posto isto - e sublinhando o facto de não ser premente que haja gente com particularidades iguais às minhas -, devo confessar que fiquei abismada, siderada, chocada, arrepiada e todos os superlativos que se consigam encontrar, quando, hoje de manhã, abro o pequeno aparelho que me coloca em contacto com o universo e dou de caras com uma criatura que traz o meu cabelo, caracol por caracol, curvinha por curvinha, corzinha por corzinha, colado à cabeça, tudo juntinho e com o mesmíssimo corte!
Um plágio.
Fiquei em estado comatoso quando reparo que é um homem!
Antes a Jessica Rabbit.
Não se faz!
Provocou-me o mesmo efeito que o erguer das persianas.