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A Gaffe ainda não se focou na mensagem de Natal do Presidente das República por três razões de peso:
- Porque sempre lhe disseram que tocar num osso enquanto a matilha o vai roendo, aumenta as probabilidades de se ser mordido;
- Porque, digam o que disserem e por muito ecuménico que seja, não é de bom-tom misturar festividades, diminuindo as hipóteses de nos vermos com mais do que um presente;
- Porque o Halloween é um festejo irlandês que se americanizou em demasia.
A verdade é que as mensagens de Natal presidenciais nunca foram momentos cintilantes. Abre-se uma excepção para a doçura e alegria das da família Clinton que incluíam sorrisos, cães, petizes, relva, saltinhos e estrelinhas, mas desde que Clinton insinuou o encetar de relações com Cuba mostrando o charuto, a coisa descambou. Obama aparece sisudo com a cabeça de Michelle a ocupar todo o cenário, como um incauto aventureiro jurássico que não se apercebe que tem mesmo atrás um Tiranossauro Rex.
As mensagens de Natal monárquicas são mais comedidas. A hereditária experiência mostra aos coroados que basta um membro do casal real para imitar a Miss Universo e desejar paz no mundo. Filipe de Espanha e Isabel de Inglaterra, por exemplo, para além dos alfinetes ao peito – cada um no seu género – revelam ter em comum a noção de parcimónia que impede que o cônjuge faça mais uma vez figura de parvo.
A solução encontrada pelos assessores de imagem do Presidente da República portuguesa não é, de todo, satisfatória.
Colar ao lado de Cavaco Silva um poster de má qualidade com a fotografia em tamanho real de Maria Cavaco Silva, não resulta. Compreende-se que o usem quando em cerimónias oficiais a senhora não tem de andar muito ou não exista uma carteirita de cortiça, um porta-chaves, uns sapatitos, uma caneta ou um outro qualquer presentinho no fim da linha, mas não é aceitável quando se tem de ajudar a convencer um povo que o seu presidente não foi criogenado.
Tornaria tudo incomparavelmente mais dinâmico se se juntassem todos os presidentes num estúdio a entoar We Wish You a Merry Christmas. Seria interessante tentar distinguir os mortos dos vivos e talvez em polifonia passasse despercebido o facto de todos nos cantarem a mesma coisa em todos os natais da nossa história.