Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
A Gaffe recusa-se a falar dos mais banais assuntos dos seus dias.
Em consequência fica sem ter nada para dizer.
A sua pequenez, a sua vidinha de ruiva tontinha, a sua insignificância, a tolice dos seus dias minúsculos, fazem com que pasme perante a exorbitante vida dos maiores.
A Gaffe não sabe opinar, nem julgar, nem alvitrar, nem apontar, nem avaliar, nem entender, nem prever, nem louvar, nem calcular, nem qualificar. Não tem nada a dizer sobre o Universo.
O Saber está na mãos dos outros e não importa que se tenha literalmente ajoelhado um dia frente a Rembrandt, no Museu do Louvre, e que de todas as traduções de Proust prefira as de Mário Quintana e as de Támen, mas que considere que só o lendo na língua que o criou se pode encontrar o tempo já perdido.
Perante a gigantesca Vida dos maiores, a Gaffe fica pasmada e quieta e sabe que nada há para ser dito por uma rapariguinha pateta e tonta e fútil que só quer viver no coração dos outros.