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O medicamento custa cerca de dois milhões de euros – a margem de erro é para desprezar.
Há um bebé português que dele necessita para não morrer.
Uma onde de solidariedade arrecadou a quantia necessária para o comprar - dois milhões de euros em tão poucos dias!
Crowdfunding em todos o seu esplendor.
O facto de ter sido o bom samaritano a patrocinar quase de imediato a totalidade do tratamento, implica reconhecer que, também neste caso, o Estado é um inútil?
Não!
O medicamento não está vistoriado pelo INFARMED, não sendo comercializado em Portugal.
A médica da criança chega de férias e verificará se a petiza é elegível. Absolutamente necessário. A Matilde tem de estar apta, tem de ser capaz de resistir a esta tentativa de a curar.
Sendo elegível, o hospital deverá oficializar o pedido, depois do impresso ter atravessado algumas dezenas de corredores e Comissões. Carimbado e aprovado, o papelucho deve seguir para o INFARMED, que analisará a viabilidade da encomenda e a eficácia do produto. Se estiver de acordo, o papelinho será enviado ao Ministério das Finanças, para que Centeno aprove a aquisição - encontrando em simultâneo maneira de não abrir precedentes -, iniciando-se então as negociações com o laboratório americano.
Entretanto, o dinheiro doado pelos portugueses não poderá ser usado para liquidar a conta que vier, pois que é o Estado português o responsável pela encomenda - se, nos entretantos, ainda valer a pena efectuar a dita.
A Gaffe considera genial propor à Assembleia da República que inclua na nova Lei de Bases do SNS a possibilidade de ser o cidadão a financiar o tratamento do seu semelhante.
Criavam-se escalões, sendo que o mais privilegiado abrangeria gente fofinha – crianças e velhinhos amorosos, por exemplo -, até ao menos merecedor - gente da oposição, velhos e velhas já com um pé na cova, que foram enquanto saudáveis - diz quem conhece -, pessoas horripilantes e sem uma educação que possibilite discursar no 10 de Junho.
O facebook poderia então provar ser ferramenta preciosa, permitindo contagem de likes e leitura dos comentários que ali correriam a favor, ou contra, o paciente candidato e seu consequente tratamento, ou morte.
O país encher-se-ia de gente boa, educada, civilizada, culta, sorridente e pronta a colaborar com o próximo - e com o distante -, pois toda a gente cedo ou tarde teria de se medir e de contar com likes.
Nunca sabemos quando temos de agarrar um.
Os impostos seriam então para cativar, ou para criar laços, diz a raposa ao parvo.
Ilustração - Toxandreev
Num registo sério, agarro - esperando ser perdoada pela ousadia - no comentário da Sarin que, como é evidente, urge reter.
(...) confesso as minhas crença e descrença no INFARMED - crença porque os medicamentos devem ser controlados, descrença porque a indústria farmacêutica funciona por objectivos distintos da Saúde.
Tenho a certeza de que uma vida vale mais do que um banco.
Mas também sei que há vidas que valem tanto quanto o barulho que as redes ecoem - Maddie é exemplo suficiente.
Quantos casos há de crianças adolescentes adultos com doenças raras? Poderemos importar assim medicamentos porque alguém aparentemente precisa? E como ficamos com a comercialização de fármacos na UE - um dos poucos produtos cuja circulação não é livre? Por outro lado, como fica a questão da responsabilização pela administração de um não autorizado?
Os procedimentos devem ser céleres, mas não podem ser ignorados. Custa, a emoção é pesada, mas quem gere não pode gerir por afectos - embora tenha que manter a sensibilidade pois gere por e para as pessoas. (...)
Roam-se! TAMBÉM Tenho Amigas deste calibre.