Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Os homens chegam de vidro do fundo da tarde dos insectos, com sangue de frutos na camisa. Descem os caminhos com a mão na terra. Lavam o silêncio para ser entregue à turva obscuridade dos rapazes feridos. Pousam na madeira a cor dos peixes ou dos olhos rasos no ninho das águas ou na ardência do mordido. Há uma nuvem a escorrer da boca dos homens. O sabor da sombra na boca ou apenas sombra sem boca nenhuma. Os homens chegam ao falar das pedras que rezam a longevidade das raízes. Depois ouvem o rumorejar da maré-alta e do sargaço. Trazem lenços escarlates no vento do parapeito das bússolas. Entregam-se à água e contam as contas que o mar tem nos colares da lua. Trazem ondas nos cabelos e sorrisos vermelhos cobertos pelo vento com saudade do mar.
Na barca dos homens há um peixe com sabor a fruta e rapazes feridos a morder as águas como um remo.
Amanhã o mar será colhido verde por rapazes feridos por escamas.
Foto - Nigel Cabourn por Yves Borgwardt