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Rodrigo Leão, com o coro e orquestra Gulbenkian, ontem no Coliseu, foi uma enorme desilusão.
Uma entrada falsa com o som do piano do compositor alterado e riscado como um vinil encontrado no lixo, anunciou a perda da sonoridade inconfundível de Rodrigo Leão que é engolido pela orquestra, diluído pelo coro e pelos arranjos incaracterísticos que se encarregaram de tornar o concerto igual a outro qualquer de um bom compositor que se descuidou.
Uma sonoplastia deficiente do princípio até ao fim; uma escolha de imagens projectadas no fundo do palco que nos faz crer que estamos perante o monitor de um PC em repouso; um microfone demasiado fechado que transforma a voz de Selma Uamusse num som audível apenas de quando em vez; o apagar de Celina da Piedade misturada aos trambolhões na orquestra; uma linguagem melódica, poética, única, mas perdida e um público que sente o acidente, aplaudindo sem grande entusiasmo.
Valeu a pena ouvir André Barros, o compositor que chega da Islândia para oferecer a Rodrigo Leão e a uma plateia expectante, três composições para piano que, infelizmente, agudizaram a desilusão que chegou logo a seguir.
Comprovando a minha decepção, a meio do concerto dou comigo distraída a pensar que Rui Moreira está cada vez mais elegante.
Uma noite friorenta, sem estrelas, que nos fez sentir que deve ser mais surpreendente o coro da prisão.