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Ao fechar o Verão os adolescentes despediam-se do mar.
Vínhamos na manhã mais cedo enterrar os pés no areal deserto, vigiados de longe pela velha senhora que nos deixava celebrar o último dos rituais de Setembro antigo.
É longe.
Desse lugar ficou apenas o cabelo preto da mulher. Uma trança presa por grandes ganchos invisíveis, enrolada como uma serpente ou como os biscoitos que fazia com massa doce cobertos por chocolate negro e o cheiro da maresia que vem agora no pio das gaivotas quando abro os vidros poeirentos da Avenida.
Longe, havia o silêncio adolescente frente ao mar e os meus pés descalços que não saíram nunca da húmida memória daquela areia fria.
Lá fora, aqui, ainda é manhã. O Verão começa. Um homem traz na mão um dia morto e avança devagar pela Avenida.