A Gaffe e as avenidas

A Gaffe não deve perder tempo com voos intimistas tontos arrancados com ganchos, pás e tenazes dos confins do escuro.

Após apuradíssimo diálogo com as suas pérolas, a Gaffe concluiu que nada melhor para manter as suas avenidas enfeitadas do que um regresso ao passado.

Esta decisão implica algumas alterações na linha editorial que tem seguido e que se revela improfícua e muitas vezes desagradável.

Cansa imenso.

O retorno às origens será portanto um facto insofismável.

A Gaffe sinaliza a reabertura dos cofres da bagatela. Dedicar-se-á de alma plena ao frívolo e ao que passa.

A futilidade, ao contrário do que é pensado, é um belíssimo outfit - se desenhado por Galliano, é bom de ver -, que uma rapariga esperta sabe usar com eficácia quando salpicado pela inteligência. Não magoa, apesar de cingido ao corpo, é absolutamente inócuo, descalça-se com facilidade e evita transtornos emocionais sempre tão impróprios.  É o guarda-chuva das mulheres espertas que sabem que há sempre alguém que as abriga nas tardes de intempérie.  

A Gaffe transformar-se-á portanto num cruzamento entre uma temível fashion blogger saltitando de nenúfar em nenúfar, uma gota de ácido e uma Miss Marple atentíssima ao que pelas avenidas vai acontecendo.  

Afinal, não existe nada mais divertido do que desfazer pérolas em vinagre.

Foto - Irving Penn