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É curioso como somos todos, de alguma forma, migrantes, passageiros breves em gares abandonadas à espera dos destinos.
As nossas vidas são de ferro e de lama e têm um relógio redondo sem ponteiros e painéis de papel amarrotado onde procuramos as linhas sem nunca percebermos que não há horas e que não há regras nem carris.
Sentimos que são outros que viajam por nós. Nós ficamos. Nunca viajamos por eles.
De tanto impedir que nos quebrem os destinos, que nos desfaçam as rotas ou que nos estilhacem as bússolas, deixamos que essas tarefas sejam por nós, e só por nós, cumpridas.
Acreditamos que todas as paisagens que passariam, se viajássemos, são as nossas. Olhamos os papéis amarrotados e consultamos as horas e usamos os dedos para apontar lugares onde queremos chegar. Nunca chegamos a chegar.
As nossas vidas partem sempre antes do embarque.