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Sem pedigree, sem cartas de recomendação, sem árvore genealógica para poder levantar a patita, sem vacinas e sem chip, o cachorrinho chegou embrulhado num cobertor macio com peixinhos estampados.
O amor à primeira vista é um facto incontornável. A paixão por aquelas patas grossas, pelo focinho gelado, pelos olhos tristes, pelas orelhitas tombadas, pela neve manchada por rodelas toscas de castanho dourado, é imediata e assolapa-nos o coração que parece ter sido invadido pela onda de um tsunami de ternura.
Vem triste e assustado e com saudades, mas, beijoqueiro, adopta a minha mãe que não resiste a uma entrega tamanha.
Não tem nome.
A discussão estala, incendeia-se como rede social. Os palpites são como fogo de artifício na romaria da aldeia. Não há quem trave os amuos de quem vê rejeitada a sua escolha, multiplicam-se as portas que batem dentro de irritações patetas e esbardalha-se a paciência desta rapariga que sabe desde o início das tormentas o nome do maravilhoso pequenino.
AVEC
É como se diz no Porto cão, em francês.
Na foto - Dolores del Rio