Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
O bom sacana.
Suspira-se quando se atravessa - mordendo o lábio com que nos mente -, na vida que trazemos engolida pela multidão dos bons rapazes.
A inconsciência dos estragos que provoca é encantadora e o sorriso quase infantil que espalha nos corações destroçados, acreditando que a culpa dos estilhaços nos pertence por inteiro, é cativante.
Não adianta irritarmo-nos. O bom sacana desarma qualquer indignação com intenções mais bélicas e acaba a mendigar perdão apenas porque acredita mesmo que é nesse aparente arrebatamento, nesse fingido remorso, nessa contrição encenada, que se emendam os males do mundo. Neste malandro um pedido de desculpa é sempre um acto de altruísmo e a alegria com que o realiza torna-se comovente aos nossos olhos.
É irresistível!
Irresistível, porque nenhuma mulher consegue por tempo indefinido asfixiar o instinto maternal que este sacana desperta. Salta-nos a enfermeira cá para fora, para fazer companhia a babysitter que entretanto já tinha chegado.
O que fazer então quando no recreio o nosso colinho é implorado por este bom malandro?
O mais aconselhado é apalpar-lhe o rabinho, verificar no corpinho todo, com muita vontade e afincadamente, se não tem dói-dói e depois mandá-lo para casa da mãe, já muito habituada a mudar-lhe a fralda.