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A Gaffe acredita que existe em determinados homens um apelo sensual fortíssimo que tem origem numa animalidade latente, numa irracionalidade incomum encharcada de feromonas e numa brutalidade misturada com a ingenuidade da natureza em todo o seu esplendor. Normalmente não são bafejados pela inteligência, mas quem se importa com pormenores quando o tamanho do exterior nos faz esquecer a casca de noz no interior.
São homens que nos fazem tremer as pernas, arrepiar o cabelo, pestanejar de perplexidade comprometida e gulosa e outras pequenas miudezas que não se dizem aqui por ser verdade.
São brutamontes inocentes que fazem com que desejemos ser agarradas – Deus e o Demónio sabem como! - e que nos permitem adivinhar que seremos, tarde ou cedo, transformadas em testes de resistência de uma parede.
Uma desgraça muito pouco digna de uma feminista que se preze.
A única forma de lhes resistir é vendo-os a comer, metáfora para o modo como nos comem a nós.
Arranca-nos a vida como quem morde um fruto depois de o partir ao meio. Lambuzam-se com a indiferença de quem acredita que está sozinho e que sucumbir à boca da inevitabilidade é uma das normas inscritas no mapa do nosso destino.
Mastigam-nos com a brutal inocência dos puros primitivos. Nada neste triturar bestial é propositado, porque tem origem ancestral. É arquétipo este natural moer. Provém da pré-história, lugar pouco afastado deste nosso macaquinho que crê, sem dúvidas a sombrear o seu instinto, que sempre foi assim por tradição e nada salvará as chocas das touradas.
Acabado o repasto, besunta-se com o que restou das nossos dias, porque nada há de mais atractivo, porque nada há de mais apelativo, do que aromas de mulheres impregnados no corpo de um predador inconsciente. A naturalidade com que o faz é a mesma com que esquece que existiu uma feminilidade esbardalhada.
O modo como prepara nova investida, passa pelo apagar de réstias do passado nos cantos da boca ainda com memória.
São tão lindos!
São absolutamente animalescos e, no entanto, todas nós sabemos que um bichinho por muito selvagem que seja, acaba sempre a ronronar nos braços de uma rapariga esperta, com uma coleira de nuvens, uma trela extensível e um açaimo que apenas é usado para intimidar as rivais.