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Porque o assunto me é particularmente importante, li aqui com atenção e muito apreço os oito conselhos que contribuem para a detecção precoce do cancro da mama (o 4º e o 8º ajudam também quem sofre de prisão de ventre).
Nunca é demais divulgar estas regras.
Embora corra o risco de voltar a irritar os mais sensíveis como já o fiz outrora, levantam-se na minha frente dois senhores que respeito imenso. Nietzsche e Sobrinho Simões.
O primeiro refere, de dentro do seu bigode:
Cuidado com a fúria dos homens pacientes.
Sobrinho Simões para além de ser um sapientíssimo médico é também um admirável professor e um homem paciente. A fúria raramente é desperta, mas uma das chispas que o incendeia é sem dúvida a expressão que foi usada – derrotar o cancro.
Ninguém derrota o cancro. Ninguém é o vencedor.
A doença é tratada de acordo com o estádio em que se encontra e das características específicas de cada paciente. Sobreviver ou não, depende de variadíssimos factores, internos e externos, que não é lógico referir aqui, mas nunca da capacidade de se ser forte ou fraco no sentido que parece advir da expressão e que penaliza gravemente aqueles que sabem que não vão resistir.
Depende também, e em grande dose, da sorte.
Derrotar o cancro, acaba por ser uma arma demasiado afiada para ser suportada pelas mãos dos que sabem que se vão perder e uma espécie de traição para os que esperam continuar, mesmo quando o caminho já está irremediavelmente minado.
É evidente que se trata apenas de uma expressão. É evidente que pode ser considerado um exagero preocuparmo-nos nestes casos com escolhas semânticas ou com manigâncias de comunicação, mas este cuidado não é excessivo quando implica a evidência da morte ou a vontade tantas vezes inconsequente de viver.