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Se há espinhos que me esbardalham os nervos, um deles é mania de sermos sinceros.
- Eu sou sincera: o teu cabelo parece que andou na II Guerra e que ainda não sabe que a tragédia acabou.
- Eu sou sincero: o teu gabinete parece um ninho de ratos.
Quem vos pede sinceridade se não há nada agradável para dizer?! Não sejam sinceros nessas alturas. Calem-se. Podeis acreditar que não existe nada de transcendente naquilo que pensais acerca do universo e que também não há nada no universo que se interesse grandemente pelo que pensais.
A vossa sinceridade é dispensável, porque ninguém dá um pico por ela.
O mesmo se aplica em relação ao devemos tentar ser sempre nós próprios - há quem diga nós mesmos, mas as expressões são equivalentes se o objectivo for irritar-me. Seria um consolo se Estaline tentasse ser outra coisa que não ele próprio. Seria bem mais sossegado se Jack o Estripador tentasse não ser ele mesmo de vez em quando.
Eu sou sincera: fico enervada quando sou eu própria e muitíssimo mais quando sou eu mesma.
Nota de rodapé - A palavra sincera pertence ao Renascimento. A estátua de mármore com fissuras levava cera, disfarçando os erros. A perfeita era sin cera.
Achei engraçado referir.