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A Gaffe tem os braços sonolentos.
Gostava que chovesse. A chuva é exigente. Fácil de abraçar, mas difícil de aquecer dentro do abraço.
Depois a Gaffe gostava que surgisse o silêncio. A ténue teia do silêncio, como se nos braços houvesse uma saudade a proteger do tempo. Ou de um segredo. Os segredos são traços de carvão no chão das ruas. As águas da memória alteram o formato, diluem o rigor com que os riscaram.
Distorcem o guardado.
A Gaffe pensa que proteger um segredo é como ter saudades. Sabemos das almas que os provocaram, segredo e saudades, mas perdemos nas chuvas dos braços o rosto dos donos.
A Gaffe, de braços sonolentos, mascara-se de nuvem.