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O nome dos outros em mim como tatuadas gentilezas.
No meu corpo nu a morrer de frio consigo ler o nome dos outros a pena escritos na pele ou desenhados ténues, indeléveis, corrompendo a macia superfície. Como se a cada nome fosse entregue um espaço meu, do meu corpo nu que treme precipitado pelo frio. Como se a minha memória fosse este lugar despido e nada mais houvesse a não ser o risco que em cada nome no meu corpo nu se misturou na pele.
O do meu irmão, perto do lugar de onde respiro. O da minha irmã, junto dos olhos com que vejo sem ver, cega de tudo. Os nomes dos meus avós, nas minhas mãos que fazem e desfazem. Os dos meus pais, no centro dos meus braços.
De todos os nomes no meu corpo aquele que eu consumo, gasto, esbato, adoço e esvaeço, tem a cor do afago no lado esquerdo de todos os sentidos. O do meu Amigo.
Deixo que pousem devagar no coração.