Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Em Paris, volto a ser o que sempre fui. Uma ruiva revolta.
Desejam-me mais velha e mais madura. Dizem-me alguns com os olhos doces, estendendo-me os braços, e seguros de que seria bom que eu os ouvisse quando mo dizem.
Procuram, tenazes, o meu lugar correcto, fixo, imutável. Esquecem que desconheço o Norte, que nunca fui capaz de o apontar certeira, que dentro já sou nómada e que perdi os rumos, as rotas e as sedas, que nunca fui capaz de erguer sozinha as telhas nos desertos.
Desejam-me o que são.
Eu cruzo os braços, lassos e cheios de ironias e cansaços e talvez vá por ali.
A indiferença poderá toldar-me os passos. Serei velha burguesa, parisiense e snob, embutida em spleen queirosiano, com tigres aos pés, mas só de Borges, e com a alma escurecida de uma Woolf.
Então a minha casa será no Père-Lachaise.