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A varanda voltada a Norte precipita-se sobre o rio como se o uivo do vento por entre as garras de ferro se tivesse unido ao silvo do chicote da água, em baixo, serpente a rastejar.
O meu céu é este.
Lanhos de rio erguidos nos socalcos. Chumbo e prata a pesar no granito de frio que trepa os troncos das árvores e as rugas do espaço permitido suportar pela saudade.
O meu céu é este rio cinzento que brilha como um fio de prata no pescoço da terra.
O meu céu pulsa como corre o rio.
Trago os pés gelados para pisar o céu. Todos os céus são rios que descalça toco, que descalça troco, porque a inversão da paisagem existe na lâmina da varanda voltada a Norte que duplica o frio dos meus pés que pisam água e céu e terra, tudo junto.
Trago vestido o ar que vem do Norte.
O meu céu é este rio cinzento dos socalcos e o precipício da varanda onde me debruço sobre a nudez da terra e emudeço no uivo do vento nos ferros e no silvo da água que caminha sobre o meu vestido.
Imagem - Il Trionfo della Divina Provvidenza de Pietro da Cortona