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Passeando levemente pela brisa dos blogs mais mundanos, reparei com perplexidade que, em quase todos, há uma referência completa e pormenorizada ao que se observa na imagem que se propõe.
Se perguntarem qual é a programação da Ópera de Paris, do Scalla de Milão ou do Guggenheim - esteja ele onde estiver -, não é difícil consultar e apontar os horários em que determinado acontecimento ocorrerá, mas torna-se um problema identificar sem auxílio de uma cábula, ou de um desavergonhado roubo, a proveniência de cada peça que a menina com um ar ligeiramente retardado usa na fotografia.
Como sou, embora raramente, uma Maria via com as outras, decidi despachar este assunto e colmatar esta lacuna, roubando sem piedade o que algures me agradou e que, não me deixando convencida, e muito menos eufórica, consigo deixar passear por estas avenidas.
Ataquemos, portanto, corajosamente esta questão:
Saia - Tibi
Top - Equipamento
Sapatos - Stuart Weitzman
Bolsa - Chanel
Óculos - Karen Walker
Batôn - MAC 'uby Woo'
Unhas - Essie 'pirulito'
Bandolete - ASOS
Jóias - David Yurman, Kate Spade, Jcrew, Stella & Dot, Pomelatto, YSL
Cardigan - Zara
Uma maçada, não é?!
Mas não tem que ser.
Não imagino como fui parar a este recanto, mas a verdade é que encontrei a geri-lo uma mulher inteligente, elegante, bastante sóbria, muito bonita, com muito bom gosto e decidida a fazer o que lhe apetece, porque gosta e que, portanto, vai ser mesmo assim.
Sem qualquer tipo de rede e levado até ao fim apenas por dois absolutamente doidos aventureiros, a Magda e o David, o Sapos do Ano deve ser aplaudido de pé, porque, para além de divertido, saudável, bem-disposto, isento, inócuo e repleto de festa, luzes e palavras, é a prova sólida que há realmente Gente dentro desta plataforma.
Ilustração - Naoto Hattori
Cinco cabeças que elaboram sobre.tudo
Embora apenas quatro raparigas, Verónica de Medeiros, Rosa LeBron, Martina Eça, Mafalda Cassi, é fácil compreender a multidão. Uma destas raparigas, isoladas - qualquer delas -, vale por duas.
Leonardo Sobral fica para mim, não carendo duplicar.
Porque faz tanta falta um lugar onde nos possamos sentar e ficar pela tarde dentro, morna e lenta, a ouvir falar das coisas que nos falham, porque a tarde lenta e morna nos faz acreditar que há tempo para tudo.
Foto - André Kertész
É evidente que hoje não podia deixar de encarnar uma finalista do eurofestival e a fazer explodir uma quantidade enlouquecida de fogo-de-artifício, a fazer um chinfrim monumental e com uma data de bailarinos nus aos pinchos, chamar a música e apontar os holofotes para um pequeno caso sério que hoje está de parabéns.
Rapariga, todos os destaques que existirem hoje são teus.
Porque os textos de Cláudia Capela Ferreira libertam cristais, enclausuram a luz e reproduzem na perfeição o prisma de Newton.
Um pequeno caso sério, mas incrivelmente divertido. Um blog onde a vida é tratada como deve ser, ou seja, de forma hilariante e sem piedade. A visão cáustica de quem sabe que não vale a pena esperar Godot ou ficar sentada a desejar the boy next door. Quer num caso, quer no outro, o ideal é tratar da louça, arrumar os tarecos, levantar o rabinho e ir bater-lhes à porta.
Imperdível
Na foto - Mary Pickford
É um dos blogs mais inteligentes que persigo!
O meu menino tem uma capacidade de jogar com todas as potencialidades semânticas da palavra que nos deixa perplexos e continuamente seduzidos.
O lúdico irónico e sarcástico, um labirinto de significantes que nos acotovela, um empurrão crítico e mordaz, um apetecer que não nos vicia. Bloga-nos.
Há blogs que são de Inverno!
Blogs que nos fazem sentir quentinhas, perto de lareiras, aninhadas num sofá florido, embrulhadas numa manta da Serra, de carapins tricotados pela avó, enquanto chove e troveja nas varandas do deslumbre. Blogs que nos apetece ouvir pela noite dentro.
É o caso de Diário do Purgatório.
Todos os meus dias.
O rigor de uma escrita lapidada e concisa que subentende uma oficina da palavra em constante actividade. Um blog de quem (de quem?) é capaz de estabelecer uma das mais difíceis ligações com o leitor: a que dispensa o diálogo possibilitado pela presença do comentário, porque consegue que o que é dito seja reescrito, transformando o lido em coisa nossa. Em cosa nostra.
Um blog indiscutível, imprescindível, onde o uso da língua é de um acerto exemplar e de uma qualidade inusual.
Um punhado de viagens sem leme, mas com bússolas.
Uma despesa diária obrigatória.
Porque é sempre deslumbrante encontrar uma escrita que nos faz sentir saudades de algumas coisas. Sobretudo daquelas que nunca tivemos capacidade de construir: a interrupção inteligente da narrativa ou a captação de um instante breve quase sem contexto que nos permite abrir caminhos nas palavras aqui escritas.
Não se esqueçam de a visitar também aqui!
Bati contra um blog que quero muito tornar um dos meus favoritos.
É quase contrário ao meu. Estas avenidas são invadidas por tolices cheias de adjectivação, por recantos onde a própria dona se perde, o E agora? Sei lá! é o meu encontro bruto com a realidade contada por alguém que usa as palavras como quem lida com terra ou com barro, de modo directo, sem rodeios, muitas vezes cruel, outras tantas grosseiro e muitas vezes sarcástico.
Às vezes penso que, ao ler o que é ali escrito, embato contra a vida nua e crua e sinto-me envergonhada por não conseguir olhar os outros exactamente como eles passam pelas ruas que eu não sei, longe das avenidas frívolas que conto.
Há um blog de que gosto muitíssimo, A Alma Conservadora, embora suspeite que Laura Abreu Cravo jamais se passeará com agrado por estas avenidas.
Uma escrita límpida, breve, transparente, que consegue o milagre de nos fazer crer que toca no essencial e o essencial é comum a todos nós. Leio-a com um prazer imenso e reconheço-lhe o uso da ironia, do sarcasmo e muitas vezes de um azedume subtil que é apenas pertença das criaturas inteligentes.
Um dos seus post refere (e descontextualizo) as fanfarras umbiguistas a propósito do ruído que eventualmente provocamos quando pensamos que temos coisas graves, pesadas e dignas de reparo para dizer (nunca temos) e propõe o silêncio ou o sussurro como alternativa.
Concordo, mais uma vez, com o que diz e mais uma vez lhe admiro a escrita concisa, lúcida e a raiar o aforismo.
Não posso deixar, no entanto, de apontar (pela metáfora e não só) o umbigo como um dos lugares mais atraentes do planeta.
É que há momentos em que fanfarras no umbigo são o melhor que nos espera, à noite, depois de termos passado o dia a ouvir uma data de bandas manhosas em coretos foleiros.